Sapatos Vermelhos ABC- instalação da obra de Elina Chauvet (Juarez-México) com performance da Cia. As Marias e Cia.Corpocena pelo olhar de Barbara Morais (Panamérica Filmes), que generosamente veio participar desse momento conosco. Muito Obrigada!
A perfomance aconteceu no dia 08 de março na Praça Santa Filomena, centro de SBCampo.
É de suma importância a realização de ações de resistência no
dia Internacional da Mulher, não podemos esquecer que esta data tem relação com
uma luta que ainda há muito o que avançar: A luta pelos direitos da mulher! Não
podemos aceitar a imposição do mercado de consumo que quer vender produtos e
acaba por reforçar a idéia de "mulher bibelô". A obra de Elina
Chauvet nos provoca a tomar partido, a compartilhar de um luto que é de todas
nós.
A parceria entre as
Cia. As Marias e Corpocena é fortalecida por questões comuns, pela criação
de poéticas de resistência, concretizadas na performance "Sapatos
Vermelhos" pelo ritual de busca e lamento, ações escolhidas pelas artistas
para montar a instalação e, ao envolver o publico na angústia da procura, faz
um convite à partilha dessa causa.
Valquíria Vieira, Atriz e Bailarina da Cia. Corpocena
Meu divino Espírito
Santo
Divino
consolador
Consolai a minha alma
Quando deste mundo eu for
Terezinha
Terezinha
Terezinha de Jesus
Na hora da sua morte
Terezinha acende a luz
Pela
rua da amargura
Sangue aqui escorreu
O céu se cobriu de luto
A filha de Deus morreu
Cada
passo ajoelhava
Com seus bracinhos abertos
E vossa mãe lhe dizia
Filha chegue para perto
Não
chore estrela, não chora
Que ainda hoje estou contigo
Só chores quando me vê
Nas ondas do mar perdido.
Somos nós, Patrícia, Cristiane,
Valquíria, Cibele, Silmara, Cíntia, Tatiane, Bárbara, Maria... Marias, inúmeras
mulheres de sapatos vermelhos.
E se um dia uma de minhas irmãs não
voltar pra casa? E se eu não mais voltar?
Morrer pelo simples fato de ser
mulher – Feminicídio.
Irmãs, irmãs, irmãs!
Eu ouço as suas vozes...
Eu hoje ganhei a minha própria voz e
grito cantando.
Sapatos vermelhos – um grito pelas filhas, irmãs,
mães que não puderam voltar para casa.
Pelo direito de andar por qualquer parte, em
qualquer hora do dia, com a roupa que eu quiser, sem ter de carregar pedra no
bolso, arrastar pedaços de pau. Armas pra me defender de... Um possível ataque.
Choremos as mortes de milhares de
mulheres, clamamos pelo direito de ir e vir, de ser o que somos. Gritamos por
justiça e paz na cidade de Juarez, no Brasil e em todo mundo. Liberdade a nós
mulheres.
Cibele Mateus, atriz e dançarina da Cia. As Marias
Terezinha
de Jesus
Meu divino Espírito Santo
Divino consolador
Consolai a minha alma
Quando deste mundo eu for
Terezinha...
Terezinha
Terezinha de Jesus
Na hora da sua morte
Terezinha acende a luz
Sapatos Vermelhos para aquelas
que vieram antes de nós e para aquelas que virão depois de nós.
Sapatos Vermelhos uma resposta
ética e estética contra o feminicídio de mulheres na cidade de Juarez- México,
criada pela artista plástica Elina Chauvet, esta obra tem percorrido o mundo
como uma urgência para nossos tempos.
Fazer ecoar pelas ruas este canto
visceral trazer a tonas estas vozes de mulheres que são violentadas
cotidianamente, revelar as sutileza e grandezas da força do feminino.
Estes corpos espectrais percorrem
as ruas da Marechal Deodoro em direção a Praça Santa Filomena neste dia
08/03/2016, provocando um encontro poético com o corpocidade, que ainda insiste
em presentear as mulheres neste dia com flores esquecendo-se que é preciso uma
mudança imagética e social para a preservação de nossa espécie.
Pela rua
da amargura
Sangue aqui escorreu
O céu se cobriu de luto
A filha de Deus morreu
Terezinha...
Terezinha
Terezinha de Jesus
Na hora da sua morte
Terezinha acende a luz
Poeticamente
ocupamos este espaço...
Cada
passo ajoelhava
Com seus bracinhos abertos
E vossa mãe lhe dizia
Filha chegue para perto
Terezinha...
Terezinha
Terezinha de Jesus
Na hora da sua morte
Terezinha acende a luz
E o
universo simbólico é a morada de nossa resistência...
Não chore
estrela, não chora
Que ainda hoje estou contigo
Só chores quando me vê
Nas ondas do mar perdido.
Terezinha...
Terezinha
Terezinha de Jesus
Na hora da sua morte
Terezinha acende a luz
Esta performance
é para todas aquelas que vieram antes de nós e para todas aquelas que nascerão
depois de nós...esta performance é para que estes novos fluxos de idéias e
criações se fortaleçam, repliquem...esta performance é para que nenhuma mais
passe por qualquer tipo de violência...esta performance é para que nosso
CORPOALMA se REBELE sempre que for intimidada ou coagida por uma atitude
machista...esta performance é um canto/convocação...é nossa poética de
resistência...
Cristiane
Santos, atriz e dançarina da Cia. As Marias e Cia.Corpocena
Fotos: Barbara Morais