sábado, 23 de abril de 2016

#poéticasderesistência- Dança e Diálogo - CCSP

Em fotos um pouco deste encontro...

A Cia Corpocena agradece a Cássia Navas e Andreia Thomioka pela criação deste espaço de troca e diálogo, a dança contemporânea só tende a se fortalecer quando se arrisca no exercício de escutatória.

Uma obra se faz destes diálogos em rede. 











Fotos Patrícia Santos

#poéticasderesistência - Dança em Diálogo - CCSP


CCSP Dança em Diálogo é um projeto idealizado pela Curadoria de Dança CCSP com Cássia Navas, especialmente para o Centro Cultural São Paulo. Tendo início em 2015, trata-se de uma proposta inovadora que surgiu da necessidade de um espaço aberto de diálogo e intercâmbio de informações - direcionados, considerando o passado, presente e futuro da cena da dança. Para 2016, realimentamos o projeto e seguimos em novo formato e prática, com a proposta: CCSP Dança em Diálogo 2016 – Crítica, Análise (e história): novos formatos. Serão encontros bimestrais, dezoito ao todo, em jornadas concentradas reunindo pesquisadores, plateias, artistas e interessados em ampliar o debate sobre a dança na cena contemporânea, abordando-se aspectos históricos e teóricos de sua constituição como campo das artes do espetáculo, a partir de um mapeamento inicial de seu “estado da arte”. Para tanto, propõe-se instrumentos para a análise crítica de obras modernas e contemporâneas, em estudo de sua estrutura e sentidos em relação a plateias, estudiosos e artistas. 

Com: Cássia Navas (professora-doutora do Instituto de Artes/Unicamp, graduada em Direito/USP, doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP, pós-doutora em Artes/ECA-USP e especialista em gestão e políticas culturais)
quintas, das 17h30 às 20h30; sextas, das 18h30 às 20h30; e sábados, das 17h às 19h30 - 16 anos - Sala de Ensaio 1 (quintas e sábados) e Sala Adoniran Barbosa (sextas).






quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sapatos Vermelhos ABC - Sobre parcerias artísticas e comunhão do feminino

Sapatos Vermelhos ABC- instalação da obra de Elina Chauvet (Juarez-México) com performance da Cia. As Marias  e Cia.Corpocena pelo olhar de Barbara Morais (Panamérica Filmes), que generosamente veio participar desse momento conosco. Muito Obrigada!
A perfomance aconteceu no dia 08 de março na Praça Santa Filomena, centro de SBCampo.










É de suma importância a realização de ações de resistência no dia Internacional da Mulher, não podemos esquecer que esta data tem relação com uma luta que ainda há muito o que avançar: A luta pelos direitos da mulher! Não podemos aceitar a imposição do mercado de consumo que quer vender produtos e acaba por reforçar a idéia de "mulher bibelô". A obra de Elina Chauvet nos provoca a tomar partido, a compartilhar de um luto que é de todas nós. 
A parceria entre as Cia. As Marias e Corpocena é fortalecida por questões comuns, pela criação de poéticas de resistência, concretizadas na performance "Sapatos Vermelhos" pelo ritual de busca e lamento, ações escolhidas pelas artistas para montar a instalação e, ao envolver o publico na angústia da procura, faz um convite à partilha dessa causa.


Valquíria Vieira, Atriz e Bailarina da Cia. Corpocena






Meu divino Espírito Santo                                
Divino consolador
Consolai a minha alma
Quando deste mundo eu for
Terezinha Terezinha 
Terezinha de Jesus
 
Na hora da sua morte
 
Terezinha acende a luz
  
Pela rua da amargura 
Sangue aqui escorreu
O céu se cobriu de luto
A filha de Deus morreu

Cada passo ajoelhava
Com seus bracinhos abertos
E vossa mãe lhe dizia

Filha chegue para perto

Não chore estrela, não chora
Que ainda hoje estou contigo
Só chores quando me vê

Nas ondas do mar perdido.

Somos nós, Patrícia, Cristiane, Valquíria, Cibele, Silmara, Cíntia, Tatiane, Bárbara, Maria... Marias, inúmeras mulheres de sapatos vermelhos.

E se um dia uma de minhas irmãs não voltar pra casa? E se eu não mais voltar?

Morrer pelo simples fato de ser mulher – Feminicídio.

Irmãs, irmãs, irmãs!

Eu ouço as suas vozes...

Eu hoje ganhei a minha própria voz e grito cantando.  

Sapatos vermelhos – um grito pelas filhas, irmãs, mães que não puderam voltar para casa.
Pelo direito de andar por qualquer parte, em qualquer hora do dia, com a roupa que eu quiser, sem ter de carregar pedra no bolso, arrastar pedaços de pau. Armas pra me defender de... Um possível ataque.

Choremos as mortes de milhares de mulheres, clamamos pelo direito de ir e vir, de ser o que somos. Gritamos por justiça e paz na cidade de Juarez, no Brasil e em todo mundo. Liberdade a nós mulheres.

Cibele Mateus, atriz e dançarina da Cia. As Marias













Terezinha de Jesus
Meu divino Espírito Santo
Divino consolador
Consolai a minha alma
Quando deste mundo eu for

Terezinha... Terezinha 
Terezinha de Jesus
 
Na hora da sua morte
 
Terezinha acende a luz

Sapatos Vermelhos para aquelas que vieram antes de nós e para aquelas que virão depois de nós.
Sapatos Vermelhos uma resposta ética e estética contra o feminicídio de mulheres na cidade de Juarez- México, criada pela artista plástica Elina Chauvet, esta obra tem percorrido o mundo como uma urgência para nossos tempos.
Fazer ecoar pelas ruas este canto visceral trazer a tonas estas vozes de mulheres que são violentadas cotidianamente, revelar as sutileza e grandezas da força do feminino.
Estes corpos espectrais percorrem as ruas da Marechal Deodoro em direção a Praça Santa Filomena neste dia 08/03/2016, provocando um encontro poético com o corpocidade, que ainda insiste em presentear as mulheres neste dia com flores esquecendo-se que é preciso uma mudança imagética e social para a preservação de nossa espécie.


Pela rua da amargura 
Sangue aqui escorreu
O céu se cobriu de luto
A filha de Deus morreu

Terezinha... Terezinha 
Terezinha de Jesus
 
Na hora da sua morte
 
Terezinha acende a luz
Poeticamente ocupamos este espaço...


Cada passo ajoelhava
Com seus bracinhos abertos
E vossa mãe lhe dizia
Filha chegue para perto

Terezinha... Terezinha 
Terezinha de Jesus
 
Na hora da sua morte
 
Terezinha acende a luz

E o universo simbólico é a morada de nossa resistência...

Não chore estrela, não chora
Que ainda hoje estou contigo
Só chores quando me vê
Nas ondas do mar perdido.

Terezinha... Terezinha 
Terezinha de Jesus
 
Na hora da sua morte
 
Terezinha acende a luz

Esta performance é para todas aquelas que vieram antes de nós e para todas aquelas que nascerão depois de nós...esta performance é para que estes novos fluxos de idéias e criações se fortaleçam, repliquem...esta performance é para que nenhuma mais passe por qualquer tipo de violência...esta performance é para que nosso CORPOALMA se REBELE sempre que for intimidada ou coagida por uma atitude machista...esta performance é um canto/convocação...é nossa poética de resistência...


Cristiane Santos, atriz e dançarina da Cia. As Marias e Cia.Corpocena













Fotos: Barbara Morais